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O Futuro [a médio/longo prazo] da Leitura

Há poucos dias a Newsweek, conceituada revista americana, publicou como história de capa um extenso artigo, intitulado The Future of Reading, sobre o novo gadget do momento, o Kindle, um novo leitor de e-books desenvolvido pela Amazon. Naturalmente que este artigo foi extensamente badalado nos meios informativos afectos às TI, especialmente se tivermos em conta que Jeff Bezos, fundador da famosa loja on-line, define o seu produto como o “iPod da leitura”…

Do artigo há a reter especialmente as várias considerações tecidas sobre a relação leitor-autor, o actual estado da indústria editorial e as previsões para o futuro da mesma. Resumido, “in a nutshell”, e da forma como vejo a evolução tecnológica a imiscuir-se cada vez mais em processos comunicacionais sistematizados na nossa sociedade durante períodos de durações variadas (décadas para a música e imagem gravadas, séculos para a palavra impressa, e milénios para a palavra escrita), poderemos estar prestes a assistir à reconversão do meio de comunicação indirecta mais “sagrado” entre os demais (especialmente para os designers de comunicação 😉 ) , o livro.

E essa reconversão terá especial ênfase na parte “indirecta” do livro; a Amazon propõe-nos a hipótese de adquirirmos livros directamente da loja on-line para o nosso Kindle, um pouco como se podem adquirir faixas de música da iTunes Store através de um iPod Touch… Serão porventura mais interessantes e revolucionárias as potenciais funcionalidades de permitir aos autores efectuarem actualizações às suas obras, e de os respectivos leitores providenciarem um feedback ao autor e entre si, tanto sob a forma de comentários como através da partilha de anotações e sublinhados que eventualmente fizerem nas obras que possuam (!).

Quanto ao aparelhómetro em si, será esta frase que resume melhor o pré-requisito para o sucesso de qualquer leitor de e-books:

“Over the centuries, the sweet spot has been identified: something you hold in your hand, something you can curl up with in bed.

Claro. Não seria capaz de definir melhor a relação que tenho com os livros 😉 … Nesse sentido, a escolha do formato para o Kindle, aproximadamente o de um paperback, foi feliz; já o ecrã “e-Ink” – tecnologia promissora mas que atinge apenas, por enquanto, os 167 DPI (assim indicado no artigo; não deveria ser PPI?) em escala de cinzentos – e o seu interface limitado (aquela coisa está mesmo a pedir um touchscreen), assim como algumas opções aberrantes como o seu preço um pouco exorbitante ($399) e a cobrança por parte da Amazon de uma “pequena” quantia na conversão de material próprio do utilizador (.DOCs, .PDFs, etc.) para um formato com ele compatível (tudo o que seja mais que €0,00 é demasiado! 😉 ), não o deixarão ter imediatamente o sucesso a que poderá um dia aspirar.

Em suma, na humilde opinião aqui do je, a Amazon poderá ter a eficácia de uma iTunes Store mas o Kindle, na melhor das hipóteses, terá o sucesso de um Creative Nomad… É um percussor, mas o iPod dos livros ainda estará para vir (quem sabe, pela mão da Apple, mas não é isso que importa neste momento). Ficamos é com a garantia quase certa de que virá; até lá, o melhor que poderemos fazer será prepararmo-nos para as implicações que ele terá na indústria do livro impresso, e aprendermos a aproveitá-las a nosso favor, a bem da eficácia dos processos comunicacionais e do pãozinho na nossa mesa. 😐

Johnny

Respostas de 4 a “O Futuro [a médio/longo prazo] da Leitura”

  1. Avatar de gambozino

    no que a mim me toca, sendo português e sem cartão de credito, ficaria mais feliz se a Amazon não me cobrasse portes nos livros que vende para cá (veja-se o http://www.bookdepository.co.uk)…

    de qualquer maneira, um pequeno remoque acerca das vantagens do Kindle: é que um livro não fica sem pilhas…

    gambozino 😉

  2. Avatar de telmo

    espreitei isto num tempinho livre
    tá fixe, sóbrio

    mas recomendo que uses o tamanho 72 no meio dos textos
    porque se não te conhecesse não me dava ao trabalho de ler um texto tão compacto

    e sobre o dpi é dots per inch, que é também é usado como o pixels per inch, é a mesma porcaria

    fica bem

  3. Avatar de lucia

    Além de que nunca poderás jamais conseguir com “aparelhometros” desses a graça e elegância de um texto com highlights feitos nos transportes públicos, em amarelo canário todos tremidos…

    Falando em livros e na Amazon, assola-me o medo de mandar vir seja la o que for pela Amazon dos EUA por causa das tretas das alfandegas…mas a .UK é mais caro… *enfim*

    Acho que nunca tinha deixado um cometário num blog, fantástico, gosto disto! 😉

  4. Avatar de André

    O aparelho descrito neste artigo seria um bom item para estudantes. Em vez de carregar pesadíssimos livros, bastaria ter um desses na mochila.

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